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Grupo de seguros MDS quer duplicar receita para €200 milhões

03.03.2023
O grupo de seguros e gestão de risco fundado pela Sonae em 1984 e vendido no ano passado a uma multinacional inglesa, a Ardonagh, continua a ser gerido por portugueses e a sua estratégia passa por ter 75% das suas receitas oriundas do estrangeiro.
"A nossa ambição é duplicar a receita nos próximos três anos, prevendo ultrapassar os €200 milhões”, diz ao Expresso José Manuel Dias da Fonseca. Um horizonte temporal em que "a receita referente ao negócio internacional deverá representar cerca de 75% do total” deste grupo com sede em Portugal.
À conversa com o Expresso, o presidente da MDS explica que isso não quer dizer que a MDS não vá crescer em Portugal: "Irá crescer, embora a um ritmo diferente da componente internacional.”
O grupo Ardonagh, diz o gestor, vai manter a equipa de gestão e a marca MDS, apesar de ser uma empresa grande e estar nos 15 maiores países do mundo. "É uma empresa com sete anos, muito forte no Reino Unido e em zonas de conforto como a Austrália e Irlanda, e traz-nos capital para crescermos no sector dos seguros, por um lado e por outro a MDS é um passo importante para a sua expansão.”

Existe ambição e capital
José Manuel Dias da Fonseca refere que nas geografias onde a MDS se encontra, Brasil e África, sobretudo Angola, vai continuar a haver crescimento mas a estratégia delineada com a Ardonagh determinou que a expansão em 2023 vai focar-se sobretudo nos EUA e no México.
"Os crescimentos esperados são uma combinação de crescimento por aquisições e de crescimento orgânico.”
Os EUA e o México já estão com aquisições à vista. "Já foi formalizada uma aquisição por parte da Risk Consulting Group (empresa do grupo MDS destinada à consultadoria em gestão de risco, de uma empresa que opera nos EUA e no México”, diz o gestor.
Dias da Fonseca explica que o racional da venda do grupo MDS por parte da Sonae e do grupo Suzano à Ardonagh foi dar azo a que a empresa pudesse crescer mais, já que os dois grupos que a detinham não têm como prioridade a área seguradora. "Não foi à primeira oferta que a MDS foi vendida, mas esta união permite-nos ter acesso a soluções dentro do próprio grupo, dimensão para trabalhar melhor as propostas de clientes e potenciar um crescimento a todos os níveis”, o que não era possível sem haver um parceiro com capital na equação.
Em 2022 as receitas do grupo MDS ascenderam a €111 milhões, dos quais €64 milhões do Brasil, África (Angola e Moçambique) e outras geografias como Malta, Espanha e Suíça. Em Portugal as receitas ascenderam a €47 milhões. Em 2021 a receita do grupo foi de €83 milhões, dos quais €40 milhões em Portugal.
"O Brasil é o mercado externo com mais peso para a MDS, onde estamos no top 3, e em Angola somos os primeiros. Lembro-me da primeira vez que enviámos dividendos em 2007. Foi a primeira vez que recebemos reais na vida. Era pouco mas fomos crescendo”, recorda Dias da Fonseca, acrescentando que "em 2002 vendíamos 1,2 milhões de reais, hoje a fasquia já vai nos 300 milhões de reais”.

Crescer fora de portas
Para a corretora de seguros e gestora de risco, a compra pela Ardonagh veio dar mais gás à sua internacionalização noutros mercados e o reforço noutros que de alguma forma já estão mais maduros, como é o caso do Brasil.
Esta semana a MDS finalizou a compra de um dos maiores corretores independentes do Chipre, a Renaissance, especializada em Gestão de Risco, Benefícios dos Trabalhadores e Riscos Empresariais, inaugurando assim a sua entrada em novos mercados.
A Ardonagh é uma multinacional com sede no Reino Unido e funciona como uma plataforma independente de distribuição de seguros no mundo, marcando presença em mais de 130 localizações, com 9 mil colaboradores. Enquanto o grupo MDS soma 39 anos de existência, a ainda jovem Ardonagh, conta com sete anos de existência e tem uma gama de produtos e serviços de seguros e de risco transversais a várias áreas, como seja a energia ou mesmo a aviação.
Des O’Connor, presidente executivo da Ardonagh Global Partners, disse em dezembro de 2022, quando ficou fechada a compra da MDS, que o grupo está empenhado em promover o caminho de crescimento e internacionalização de ambas as empresas.
 
 

Entrevista publicada na edição impressa do Jornal Expresso (disponível aqui) e na edição digital (exclusivo para assinantes).
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